Amizade Colorida, escrito por Edson Athayde
A foto do perfil de João no Facebook era a preto e branco, a de Ana era colorida.
João, na verdade, era preto e branco, como todas as coisas deveriam ser. Quando queria, João era sépia mas nunca abusava do efeito, sabia que, mais cor menos cor, um homem poderia pôr-se a jeito. Já Ana tinha a mania da policromia.
João não era um problema de impressão, era assim por opção, decidira ainda miúdo não ligar às cores do mundo, não ser verde como a relva, nem azul como um sonho, preferia ser a imagem no espelho de um radical daltónico, retrato velho de um saudoso crónico.
Já Ana era pastel às quartas e quintas, "ton sur ton" segundas, terças e sextas, berrante aos domingos e aos sábados irreal arco-íris.
João era um tipo discreto, até meio cinzento, daqueles que não gostam de festas, não vão a bailes, usam galochas no Inverno e tratam doenças com unguentos.
Ana era daquelas que se alimentam de risos, que já nasceram sem sisos, incapazes de pensamentos sombrios e torpes, que acreditam num mundo em technicolor, em amores de cinemascope.
João e Ana encontraram-se no Face por acaso, numa caixa de comentários sobre uma exposição de pintura. João clicou no "like" a propósito de umas gravuras feitas em carvão. Ana, claro que não, só tinha olhos para um certo pintor impressionista.
O certo é que, como num cliché de uma gráfica antiga, os opostos se atraíram, não fosse cupido um irresponsável artista. E assim, Ana e João apaixonaram-se ao trocarem posts sobre um quadro daquele espanhol cubista.
Ana pintou o sete com a alma de João. E ele imprimiu sombras na aguarela da amada, o que só tornou as cores ainda mais bonitas. Mas, com o tempo, aquela paixão enfim desbotou. João deixara de ser genuíno, já não era a preto e branco como a opinião de um menino. João tornara-se garboso como um pavão e passou a ter casos com raparigas de cartazes de oficina.
Ana ainda saiu com dois ou três cromos da bola só para fazer ciúmes mas mal conseguia disfarçar o seu negro azedume. Desesperada, viciou-se em tinta da china enquanto João andava enrolado numa lasciva e falsificada serigrafia.
Um dia, vermelha de raiva, amarela de desespero, Ana morreu de overdose com uma caneta tinteiro. joão, em lágrimas, percebeu o erro mas era tarde demais. Pálido com a perda do amor, ele que se permitira enfeitiçar pelo mundo da cor, deixou de se armar em bom, cancelou o seu perfil no Face e em noites sem lua sai pelas ruas a ganir e a tentar explodir os cartazes da Benetton.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
1 boa ladra rouba sempre 1 bom texto !
Amizade Colorida, escrito por Edsin Athayde
A foto do perfil de João no Facebook era a preto e branco, a de Ana era colorida.
João, na verdade, era preto e branco, como todas as coisas deveriam ser. Quando queria, João era sépia mas nunca abusava do efeito, sabia que, mais cor menos cor, um homem poderia pôr-se a jeito. Já Ana tinha a mania da policromia.
João não era um problema de impressão, era assim por opção, decidira ainda miúdo não ligar às cores do mundo, não ser verde como a relva, nem azul como um sonho, preferia ser a imagem no espelho de um radical daltónico, retrato velho de um saudoso crónico.
Já Ana era pastel às quartas e quintas, "ton sur ton" segundas, terças e sextas, berrante aos domingos e aos sábados irreal arco-íris.
João era um tipo discreto, até meio cinzento, daqueles que não gostam de festas, não vão a bailes, usam galochas no Inverno e tratam doenças com unguentos.
Ana era daquelas que se alimentam de risos, que já nasceram sem sisos, incapazes de pensamentos sombrios e torpes, que acreditam num mundo em technicolor, em amores de cinemascope.
João e Ana encontraram-se no Face por acaso, numa caixa de comentários sobre uma exposição de pintura. João clicou no "like" a propósito de umas gravuras feitas em carvão. Ana, claro que não, só tinha olhos para um certo pintor impressionista.
O certo é que, como num cliché de uma gráfica antiga, os opostos se atraíram, não fosse cupido um irresponsável artista. E assim, Ana e João apaixonaram-se ao trocarem posts sobre um quadro daquele espanhol cubista.
Ana pintou o sete com a alma de João. E ele imprimiu sombras na aguarela da amada, o que só tornou as cores ainda mais bonitas. Mas, com o tempo, aquela paixão enfim desbotou. João deixara de ser genuíno, já não era a preto e branco como a opinião de um menino. João tornara-se garboso como um pavão e passou a ter casos com raparigas de cartazes de oficina.
Ana ainda saiu com dois ou três cromos da bola só para fazer ciúmes mas mal conseguia disfarçar o seu negro azedume. Desesperada, viciou-se em tinta da china enquanto João andava enrolado numa lasciva e falsificada serigrafia.
Um dia, vermelha de raiva, amarela de desespero, Ana morreu de overdose com uma caneta tinteiro. joão, em lágrimas, percebeu o erro mas era tarde demais. Pálido com a perda do amor, ele que se permitira enfeitiçar pelo mundo da cor, deixou de se armar em bom, cancelou o seu perfil no Face e em noites sem lua sai pelas ruas a ganir e a tentar explodir os cartazes da Benetton.
A foto do perfil de João no Facebook era a preto e branco, a de Ana era colorida.
João, na verdade, era preto e branco, como todas as coisas deveriam ser. Quando queria, João era sépia mas nunca abusava do efeito, sabia que, mais cor menos cor, um homem poderia pôr-se a jeito. Já Ana tinha a mania da policromia.
João não era um problema de impressão, era assim por opção, decidira ainda miúdo não ligar às cores do mundo, não ser verde como a relva, nem azul como um sonho, preferia ser a imagem no espelho de um radical daltónico, retrato velho de um saudoso crónico.
Já Ana era pastel às quartas e quintas, "ton sur ton" segundas, terças e sextas, berrante aos domingos e aos sábados irreal arco-íris.
João era um tipo discreto, até meio cinzento, daqueles que não gostam de festas, não vão a bailes, usam galochas no Inverno e tratam doenças com unguentos.
Ana era daquelas que se alimentam de risos, que já nasceram sem sisos, incapazes de pensamentos sombrios e torpes, que acreditam num mundo em technicolor, em amores de cinemascope.
João e Ana encontraram-se no Face por acaso, numa caixa de comentários sobre uma exposição de pintura. João clicou no "like" a propósito de umas gravuras feitas em carvão. Ana, claro que não, só tinha olhos para um certo pintor impressionista.
O certo é que, como num cliché de uma gráfica antiga, os opostos se atraíram, não fosse cupido um irresponsável artista. E assim, Ana e João apaixonaram-se ao trocarem posts sobre um quadro daquele espanhol cubista.
Ana pintou o sete com a alma de João. E ele imprimiu sombras na aguarela da amada, o que só tornou as cores ainda mais bonitas. Mas, com o tempo, aquela paixão enfim desbotou. João deixara de ser genuíno, já não era a preto e branco como a opinião de um menino. João tornara-se garboso como um pavão e passou a ter casos com raparigas de cartazes de oficina.
Ana ainda saiu com dois ou três cromos da bola só para fazer ciúmes mas mal conseguia disfarçar o seu negro azedume. Desesperada, viciou-se em tinta da china enquanto João andava enrolado numa lasciva e falsificada serigrafia.
Um dia, vermelha de raiva, amarela de desespero, Ana morreu de overdose com uma caneta tinteiro. joão, em lágrimas, percebeu o erro mas era tarde demais. Pálido com a perda do amor, ele que se permitira enfeitiçar pelo mundo da cor, deixou de se armar em bom, cancelou o seu perfil no Face e em noites sem lua sai pelas ruas a ganir e a tentar explodir os cartazes da Benetton.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Eternidade
Há coisas que temos e devemos eternizar, porque são, de facto, eternas.
O texto foi-me dado a ler na escola primária, pelas mãos do meu professor, Eduardo Fonseca. Foi aos 8 ou 9 anos que descobri Saramago e uma escrita que me emocionou, ao projectá-la na minha vida, na minha avó Ana, a mulher que na acreditava que o Homem tinha ido à Luz, seis meses após o meu nascimento, mas que ajudou os filhos e filhas a criar os netos, eu incluida. A mulher que me acalmava muita birra, que me ouvia e com quem eu adorava falar e mexer-lhe nas mãos. A mulher que partiu agarrada à minha mão.
Fica para quem não conhece, Carta à Minha Avó Josefa: Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo - e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los.
Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira - sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha.
Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, umas coisas que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro.
Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos - e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti - e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas - e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: "O mundo é tão bonito, e eu
tenho tanta pena de morrer!".
É isto que eu não entendo - mas a culpa não é tua.
by José Saramago
O texto foi-me dado a ler na escola primária, pelas mãos do meu professor, Eduardo Fonseca. Foi aos 8 ou 9 anos que descobri Saramago e uma escrita que me emocionou, ao projectá-la na minha vida, na minha avó Ana, a mulher que na acreditava que o Homem tinha ido à Luz, seis meses após o meu nascimento, mas que ajudou os filhos e filhas a criar os netos, eu incluida. A mulher que me acalmava muita birra, que me ouvia e com quem eu adorava falar e mexer-lhe nas mãos. A mulher que partiu agarrada à minha mão.
Fica para quem não conhece, Carta à Minha Avó Josefa: Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo - e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los.
Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira - sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha.
Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, umas coisas que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro.
Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos - e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti - e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas - e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: "O mundo é tão bonito, e eu
tenho tanta pena de morrer!".
É isto que eu não entendo - mas a culpa não é tua.
by José Saramago
domingo, 4 de julho de 2010
A Bela e o Monstro
As pessoas, às vezes, são como as feras, atacam quando têm fome e depois de saciadas coabitam em harmonia com as presas.
Os animais atacam por necessidade, por fome ou instinto de sobrevivência. Os homens alegam essas mesmas necessidades, mas na realidade atacam por outros fundamentos. Crises de auto-estima, status, ganância, cobiça...um sem-número de razões camufladas numa suposta ferida que deixa marcas para toda a vida.
Diz a mitologia que o Leão de Neméia que devastava a região e o povo não conseguia matar, foi estrangulado por Hércules. Acabada a luta, este arrancou a pele do animal com as suas próprias mãos e passou a utilizá-la como vestuário. Assim, a criatura derrotada, converteu-se numa constelação.
Uma mera história alegórica, eu sei, mas que nos dá lições para a vida. É sempre melhor enfrentar com todas as forças que temos a besta, a deixar que ela continue o seu domínio e a espalhar o mal pela terra.
Hércules utilizou a pele do animal como vestuário, nunca se converteu nele, mas fê-lo converter-se numa constelação, mais uma a pairar no universo infinito.
E se o mal existirá sempre, também o bem existirá sempre, porque há muitas feras por aí, mas também há gente bondosa, capaz de dar a vida pelos outros, mas com a consciência que tem vida para lá dos outros.
É verdade que existe o tempo do verbo " Eu sou", mas também é verdade que existe o "nós somos". É verdade que existe a palavra "poder", mas também é verdade que existem palavras como, queda, ou exaltação.
É verdade que existem corações arrogantes e inflexíveis, mas também existem corações criativos, generosos e optimistas.
É tudo verdade, mesmo quando a mentira não é mais do que um espelho de nós próprios. Nós somos o que fazemos.
Os animais atacam por necessidade, por fome ou instinto de sobrevivência. Os homens alegam essas mesmas necessidades, mas na realidade atacam por outros fundamentos. Crises de auto-estima, status, ganância, cobiça...um sem-número de razões camufladas numa suposta ferida que deixa marcas para toda a vida.
Diz a mitologia que o Leão de Neméia que devastava a região e o povo não conseguia matar, foi estrangulado por Hércules. Acabada a luta, este arrancou a pele do animal com as suas próprias mãos e passou a utilizá-la como vestuário. Assim, a criatura derrotada, converteu-se numa constelação.
Uma mera história alegórica, eu sei, mas que nos dá lições para a vida. É sempre melhor enfrentar com todas as forças que temos a besta, a deixar que ela continue o seu domínio e a espalhar o mal pela terra.
Hércules utilizou a pele do animal como vestuário, nunca se converteu nele, mas fê-lo converter-se numa constelação, mais uma a pairar no universo infinito.
E se o mal existirá sempre, também o bem existirá sempre, porque há muitas feras por aí, mas também há gente bondosa, capaz de dar a vida pelos outros, mas com a consciência que tem vida para lá dos outros.
É verdade que existe o tempo do verbo " Eu sou", mas também é verdade que existe o "nós somos". É verdade que existe a palavra "poder", mas também é verdade que existem palavras como, queda, ou exaltação.
É verdade que existem corações arrogantes e inflexíveis, mas também existem corações criativos, generosos e optimistas.
É tudo verdade, mesmo quando a mentira não é mais do que um espelho de nós próprios. Nós somos o que fazemos.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Maldição
Que sentimento é esse ?
que te dá energia
capaz de abanar
o Anel de Fogo do Pacífico
capaz de enfrentar
a cólera das tempestades
do golfo do México
a fúria dos ventos
nas pradarias dos States
ou mesmo capaz
de nadar
contras as correntes invasoras
da Europa
que matam e inundam
África...
Que sentimento é esse
que
abre a boca da terra
no topo do globo
incendia a cor do solo
na oceânia
e racha gelo nos polos ?
que te dá energia
capaz de abanar
o Anel de Fogo do Pacífico
capaz de enfrentar
a cólera das tempestades
do golfo do México
a fúria dos ventos
nas pradarias dos States
ou mesmo capaz
de nadar
contras as correntes invasoras
da Europa
que matam e inundam
África...
Que sentimento é esse
que
abre a boca da terra
no topo do globo
incendia a cor do solo
na oceânia
e racha gelo nos polos ?
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Ode às bruxas!
O dom de encantar
Com as palavras
Ou...
Uma maldição que enfeitiça
Todos que se encantam
O dom da delicadeza
Da simplicidade
De um carinho imenso
Da doce amizade
Uma grande maldição
Que cativa
Enfeitiça corações
Enchendo-os de ilusões
Transbordando paixão
Será um dom
Ou uma maldição
Poema as Bruxas do Blog Diário de 1 Bruxa
Com as palavras
Ou...
Uma maldição que enfeitiça
Todos que se encantam
O dom da delicadeza
Da simplicidade
De um carinho imenso
Da doce amizade
Uma grande maldição
Que cativa
Enfeitiça corações
Enchendo-os de ilusões
Transbordando paixão
Será um dom
Ou uma maldição
Poema as Bruxas do Blog Diário de 1 Bruxa
sexta-feira, 25 de junho de 2010
A Queca da hora e data marcada
Não, não enlouqueci, penso, só ando aparvalhada com este admirável mundo novo! Acho o tema interessante em pleno séc. XXI. E resulta de muita conversa cruzada e sincera de pessoas com que me fui cruzando na vida.
Há quem tenha os sábados por dia de eleição. Argumentam que já descansaram na noite anterior da correria semanal de trabalho e pronto, sempre podem desculpabilizar o mais galdério que goste de noitadas, porque cumpriu a sua função em casa, logo pode bicar à vontade fora, que já não deve ter muita vontade.
Depois há os que acordam às 5 da manhã para a queca do controlo. A vantagem, segundo dizem, é como ter a cenoura à frente do nariz, obriga o parceiro a deitar-se cedo e cedo erguer para dar saúde e fazer crescer. Isto é, se chegarem a casa com vontade, guardem-na até à hora marcada. E cinco da manhã, porquê? Bem, explicam-me, que o cinco é o número do amor e assim há tempo de acariciar, apalpar, ter 1 belo acorda, portanto, e aproveitar a tusa do mijo da manhã, antes do pequeno-almoço e dos miudos acordarem. Assim, enfrenta-se 1 dia de trabalho satisfeitos e com a certeza de que o par não tem vontade de quecar com mais ninguém.
Há ainda os que defendem que ao deitar é melhor, para adormecer em beleza. Como lavar os dentes antes de ir para a cama, acertar o despertador, ou cumprir a rotina do chichi. Ficam com a certeza que, se há desejo àquela hora, é porque durante o dia não houve escapadela possível para outras capoeiras.
Também conheci casais que tinham a possibilidade de ir almoçar a casa e aproveitavam os filhos comerem na escola, para pinocar. A maioria confessa que é melhor antes da refeição, porque apesar da fome, pelo menos não pára a digestão e assim controlam a manhã do companheiro(a). Se chega com apetites vários a casa, é porque não comeu nada fora e saciar a necessidade sexual nesta altura do dia, significa que a tarde vai ser calma e sem margem para outros lanches.
Outros casais planificam a coisa para dias que sabem que há reuniões do(a) parceiro(a) até mais tarde, para assim controlarem se de facto, se realizaram esses encontros, ou outro tipo de reuniões. Sim, porque depois de uma reunião de trabalho daquelas infinitas, vai lá vai, mas tem que haver vontade de cumprir-se outras obrigações.
Os dominadores também são engraçados. Criam a expectativa diária e cortam-se. Mandam mensagens, telefonemas, mails... etc. A verdade é que chega a hora H e não aparecem. Há sempre 1 desculpa plausivel e quem se vê no papel de dominado, só tem que aceitar, caso contrário, é porque não gosta do parceiro(a), mas aceitam o jogo porque de vez em quando, lá saiem do seu trono e acasalam.
Os swingers também fazem marcação, claro, afinal o lado oculto da coisa, obriga a haver horas, locais e canais de comunicação próprios para concretizarem a combinação. Descobri recentemente que dizem que é uma prática consentida mas parece que vendam os olhos antes de entrar na salganhada. Será para o par não ver? Para se desinibirem? Acho que este grupo, a juntar ao das orgias, podem dar muito trabalhinho aos sexólogos da nossa praça, mesmo que seja só daqui a uns anos.
Pergunto se já entramos na era robocótica, fizemos 1 back to the future, ou um back to the past, porque semelhanças com o periodo da idade média e feudalismo há cada vez mais.
E cada vez se sente menos, que as pessoas vivem a sua sexualidade com paixão, desejo, carinho e fantasia, com a qual controem o seu castelo de confiança. Preferem optar pelas falsas regras institucionais, normas e rituais, pela mera necessidade de contruir um domínio estável. Físico e psicológico, que na sua grelha cerebral lhes permita dizer a elas próprias que são desejadas, que não são trocadas, que são boas no seu desempenho e que querem por isso eternizar essa sensação de domínio e posse, como se fosse real.
Como dizia o padre António Vieira, nós somos o que fazemos, quando não fazemos apenas duramos. Mas então, que façamos bem. Seremos todos muito mais felizes, ensinando a amar, do que a aprender a odiar. Porque o caminho do ódio é esse, o do controlo e dominio que mais tarde ou mais cedo acaba. E quando não acaba , a falta de coragem torna as pessoas infelizes e acomodadas. Logo mais predispostas ao ressentimento, ao despeito e à manipulação.
Desejo sexual com cumplicidade, precisa-se! Por favor! Mais não seja, porque dizem os especialistas que esse script cerebral é duas a três vezes superior nesse domínio e nós reprimimo-lo em nome de quê? Da estabilidade? Dos votos fracassadamente eternos do casamento? Não alinhem em mentiras, primam pela qualidade, a quantidade não interessa a ninguém.
E só a morte tem hora marcada. Façam o favor de serem felizes !
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