segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Hoje estou profundamente infeliz. E a infelicidade ultrapassa os problemas caseiros.

São outros problemas caseiros que ainda me fazem doer o peito e remexem as entranhas, de uma forma que não consigo controlar.

Estou triste por existirem maus tratos. Por existirem bestas que os cometem e por existirem mulheres que se prestam a isso. Sim, porque calar, é consentir. E qual é o limite? Todos sabemos qual é. Para lá da humilhação, da dor, do drama, está o fim da linha - a morte.

Estou triste com a sociedade que criamos, por condenar 1 separação, valorizar 1 casamento e não condenar, nem no mesmo patamar, uma agressão.

Como se sentiriam se olhassem para o lado e percebessem que as amigas que mais amam e mesmo as que odeiam, já passaram pelo menos 1 vez na vida, por um episódio destes? Ou com 1 namorado, ou com 1 marido, ou com 1 companheiro?

O distrito de Santarém destaca-se pelo número de casos de violência doméstica. O que é isto? Quem somos? O que queremos afinal?

Não estou nada orgulhosa de ser scalabitana, de ter nascido numa terra que valoriza ao extremo o casamento e aceitar que nele valha tudo. Que se limita a troçar de quem vive sózinho, por ter falhado 1 relação, ou se limita a ter pena.

Pena é o pior que se pode ter de alguém. Pena não mostra compaixão ou misericórdia, mostra uma cambada de beatice, gente que nunca se emancipou, que nunca soube o que é erguer o pulso e avançar pela vida, mesmo no escuro....

E digo-vos, minhas senhoras, há sempre 1 luz ao fundo do túnel, nem sempre quando queremos, é certo, mas está lá sempre e começa por nós....há momentos na vida que mais vale só que mal acompanhada.

Acreditem.

E esse silêncio, esses narizes empinados, esses status teatralizados com casas luxuosas, roupas e carros de marca que se exibem....são mesmo mais importantes que o vosso íntimo?

Eu penso no que Ghandi questionava: haverá maior verdade que combater a força com a razão?

Por favor, não se calem. Olhem para vós como seres com direito à dignidade, ao respeito, ao amor, à confiança e à felicidade. Há sempre 1 futuro que merecem. E que os vossos filhos merecem. Essa tarefa começa agora, no presente.  Por favor!

1 comentário:

  1. Ana, a violência nasce da falta de argumentos válidos, de quem não tem outra razão senão a do punho fechado. Mas há outras violências, as que não deixam olhos negros nem lábios rachados, mas a alma desfeita.
    Acredito que um dia, as mentalidades mudem e que não seja preciso levantar a voz para se fazer ouvir.

    Bjos e por favor... volta a escrever ok?

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